quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Fantasias Eróticas

O assunto das fantasias eróticas ainda continua a ser difícil de abordar. Com frequência é associado à infantilidade, à imaturidade, ao engano ou ao pecado, tendo fortes conotações negativas.
Durante muito tempo foi um assunto tabu tal como o assunto da masturbação. São temas que provocam ambivalência nas pessoas, pois se por um lado interessam, por outro geram muita angústia. Provavelmente, muitas pessoas quando começaram a masturbar-se, temeram que esta liberdade no tocar-se, levasse à compulsividade, a não saber parar e dizer NÃO… e na realidade não é assim. A masturbação é uma forma de ouvir-se, de acarinhar-se, inclusive de aprender a tratar-se bem e a desenvolver-se eroticamente. Uma coisa similar acontece com as fantasias eróticas. Servem para conhecer  a nós próprios e como elemento de prazer.

Nas fantasias eróticas surgem pensamentos, imagens (processo mental), que acompanham sensações físicas (processo corporal) que podem ser vividas como agradáveis e prazerosas.

A fantasia é uma fonte de conhecimento pessoal, de possibilidades, de brincadeira: podemos ser qualquer tipo de personagem, muitas vezes aquelas que não teríamos coragem de ser na vida real. As fantasias devem ser entendidas como uma coisa positiva, que ensina (entre outras coisas) uma parte do nosso inconsciente, a ter prazer, a vivenciar diferentes emoções , brincar e criar com o imaginário e inclusive, que  pode nos ajudar a produzir mudanças na nossa vida real, naqueles âmbitos que desejamos.

As fantasias eróticas podem basear-se:
- Na lembrança de algum cenário vivido anteriormente- ex: um beijo, o calor dos lábios, a suavidade, a respiração…
- Na criação de cenários não vividos, mas que se desejam experimentar-ex: um encontro apaixonado
- Na criação fantasiosa de cenários não vividos, mas que NÃO se desejam realizar na vida real. Estas fantasias podem ser excitantes para a pessoa por simbolismos, associações emocionais de gestos, palavras, histórias…mas não deseja realizá-las porque são contrárias ao seu sistema de valores, ou por não considerá-las convenientes por variados motivos. Uma das fantasias não desejadas na realidade mais frequentes é a experiencia sexual forçada, assim como nesta categoria os cenários com zoofilias, também são frequentes.

Um dos grandes temores na abordagem das fantasias sexuais é a confusão entre o campo do imaginário e do real ( que são dos campos bem diferentes).

Na fantasia sexual, o campo é o da imaginação e aí tudo é permitido, não há limites, é como a criatividade, ilimitada! Pelo contrário a realidade tem limites. Não se pode fazer tudo o que se deseja: estão os limites da realidade, das normas sociais e os próprios limites que as outras pessoas nos põem, quando queremos partilhar alguma coisa com elas.

No campo do imaginário, não há perversões, nem traições, não existem fantasias boas ou más; há produções que expressam coisas, que revelam aspetos da pessoa que podem ajudar a perceber atitudes, valores, papéis do sujeito e da sua histoória passada ou da sua vida atual.
Por tudo isto podemos dizer que as fantasias eróticas são muito importantes e devem ser cultivadas, porque nos conectam com o prazer, nos ajudam a conhecer o que gostamos e como tal a nós próprios e realizam-se num espaço seguro (o nosso imaginário) ajudando-nos a empoderar-nos sexualmente.

Adaptação do texto "Psicoerotismo femenino y masculino" de Fina Sanz.