sábado, 5 de dezembro de 2015

Os mitos da sexualidade feminina e masculina

No 180 terapias acores acreditamos que a sexualidade da pessoa é uma parte do seu ser muito importante, por isso a partir de agora vamos começar a falar de sexualidade(s), e nada melhor que começar com os mitos que nos prendem e crenças que nos magoam.

As crenças e os mitos que temos sobre a sexualidade condicionam a nossa vida e  afastam-nos de nos próprios/as e de desfrutar do prazer sexual, seja sozinh@s ou acompanhad@s.

Nos próximos dias iremos postar diferentes mitos da sexualidade feminina e masculina, para que possamos pensar neles e desconstruí-los.

Nesta ideia de explorar os mitos junta-se a nós a  artista Vanessa Branco, que ilustrará alguns destes mitos com humor, mesmo sendo este um assunto sério!

Mito n°1 da sexualidade Feminina: “AS MULHERES NÃO GOSTAM DE SEXO”

Como todos os mitos, estes nascem de uma interpretação da realidade. Neste caso a verdade é que as mulheres não são educadas para que tenham desejo sexual, mas na realidade biologicamente não existe diferença entre a “quantidade” de desejo masculino e feminino.
Os homens são educados para que tenham muito desejo, para que desfrutem do seu corpo e da sua sexualidade  (uma obrigação para eles, porque caso contrário, deixam de ser considerados “homens”)  sendo o sexo considerado um prémio. No caso das mulheres, e para a mesma situação,  são educadas na ideia de que o sexo e o amor vão juntos. Por isso sem amor, não devem explorar a sua sexualidade nem entregar-se ao outr@, sem amor o sexo é mau e não tem importância na vida. Esta é a base deste mito, por isso claro que aparecem em consulta muitas mulheres que dizem não gostar de sexo, e que explicam que só têm relações sexuais para contentar aos seus companheiros, mas o certo é que as mulheres que conseguiram romper com esta educação e começaram a explorar-se, querer-se e desfrutar-se sem se julgarem a si próprias, GOSTAM do sexo!! E a boa noticia é que nunca é tarde para conhecer-nos a nós próprias!



Mito n° 1 da sexualidade masculina: 
“O HOMEM ESTÁ SEMPRE PRONTO PARA TER RELAÇOES SEXUAIS”


A crença de que o homem deve sempre estar preparado e com vontade de ter relações sexuais, vêm da associação que culturalmente se faz  em relação a que este  deve ser e estar sempre sexualmente ativo, quase que por um impulso “natural e incontrolável”, nas situações em que o homem não esteja sempre a pensar em sexo ou com vontade de o ter, isto significa que é “ menos homem” o seja…homossexual...(outro mito, virilidade= heterossexualidade masculina)


Na realidade o que acontece, é que tanto os homens como as mulheres, tem dias que tem vontade de praticar sexo e outros dias que não! Por isso quando um homem decide não querer ter relações sexuais, não faz dele menos homem nem significa que a sua orientação seja diferente à heterossexual, por não ser o “garanhão” esperado pela sociedade. A verdade é que ato de decidir não ter relações é parte do seu direito a decidir.

Estes dois mitos sobre a nossa sexualidade e outros dos que falaremos nos próximos dias, têm em comum o facto da opressão cultural a que tanto os homens como as mulheres estão sujeit@s, afeta as diferentes áreas da nossa vida, sendo a nossa sexualidade uma das mais afetadas. Mas para não ficarmos tristes é importante relembrar que estas algemas sociais são possíveis de abrir! Sozinh@s ou com ajuda!



Masturbação feminina: prazer e saúde

A masturbação, por incrível que pareça, ainda é tabu para muita gente. Se colocarmos as palavras “masturbação” e “pecado” juntas no Google encontraremos 360.000 referências. Não vi todas, é claro, mas a maioria das primeiras afirma que se trata de um pecado terrível. Também chequei aleatoriamente diversas páginas adiante e, da mesma forma, a maioria afirma tratar-se de um pecado. Mas se acrescentarmos a palavra “feminina”, algo surpreendente acontece. As primeiras referências são afirmações de que não é pecado se masturbar.

Eu imagino que a maioria das pessoas não acha mais que se trata de um pecado. Mas é interessante que muitos médicos e cientistas afirmam que, na verdade, esta prática é muito benéfica para a saúde, tanto do corpo quanto da mente. Encontrei uma página na web (women to women) que é bastante esclarecedora sobre o assunto, e que traz dez boas razões para a gente se masturbar (além, é claro, do prazer em si):

1) Masturbação ajuda a prevenir infecções do colo do útero e ajuda a aliviar as infecções do trato urinário. Embora seja do conhecimento geral que a masturbação regular pode reduzir o risco de câncer de próstata nos homens, os estudos estão mostrando que a masturbação feminina também pode fornecer proteção contra infecções do colo do útero, porque quando as mulheres se masturbam, o orgasmo abre o colo do útero.

2) Em seu livro “Sexo: Uma História Natural”, Joann Ellison Rodgers descreve como o processo de masturbação estica e puxa o muco no colo do útero, permitindo um aumento da acidez do líquido cervical. Isso aumenta bactérias “amigáveis” e permite uma maior fluidez na passagem do colo do útero na vagina. Quando o  fluido “velho” se move a partir do colo aberto, não só lubrifica a vagina, mas também esvazia organismos hostis que podem causar infecções.

3) Muitas mulheres relatam o desejo de masturbar-se quando sentem que estão com infecções urinárias, e por uma boa razão: masturbação ajuda a aliviar a dor e libera as bactérias antigas do colo do útero. É a maneira do corpo de colocar as bactérias para fora.

4) A masturbação é associado com a saúde cardiovascular e menor risco de diabetes tipo-2. Em uma série de estudos, as mulheres que tiveram orgasmos com maior freqüência e sentem mais satisfação com o sexo – se com um parceiro ou não – mostraram ter maior resistência à doença arterial coronariana (DAC) e diabetes tipo-2.

5) Masturbação pode ajudar a combater a insônia, naturalmente, através da liberação hormonal e da tensão. Muitas mulheres se masturbam como um meio para relaxar após um dia agitado ou para adormecer à noite, mas muitas vezes elas não sabem que há uma razão hormonal envolvida. A dopamina aumenta durante a antecipação de um clímax sexual. Após o clímax, os hormônios calmantes oxitocina e endorfinas são liberados, fazendo-nos sentir um calor agradável que nos ajuda a dormir.

6) O orgasmo aumenta a força do assoalho pélvico. Há muitos benefícios de ter um assoalho pélvico saudável. Durante o orgasmo, o assoalho pélvico recebe um verdadeiro treino. O clitóris se avoluma com os picos de aumento da pressão arterial. Tônus muscular, freqüência cardíaca, respiração aumentam. O útero sobe para fora do assoalho pélvico, aumentando a tensão do músculo pélvico. Isso fortalece toda a região, bem como a sua satisfação sexual.

7) Melhora o nosso humor. Masturbação ajuda a aliviar sentimentos depressivos. Como nós ficamos estimuladas, os níveis hormonais de dopamina e adrenalina sobem em nossos corpos. Ambos os hormônios são impulsionadores do humor. Muitos estudos mostram que mulheres que relatam satisfação com sua vida sexual têm uma melhor qualidade de vida em geral.

8 ) Alivia o stress. Em seu livro “For Yourself”, a terapeuta sexual Lonnie Barbach explica que a masturbação pode ajudar a aliviar o estresse emocional, tendo tempo para nós mesmos, em meio às demandas do lar, família e trabalho.

9) Fortalece nossa relação com nós mesmas. Quando sabemos nutrir-nos de amor nos níveis emocional e físico, ganhamos confiança e crescemos através da auto-consciência. Ser capaz de reconhecer, articular e experimentar o que traz prazer é um passo poderoso em direção a auto-realização.

10) Fortalece a relação sexual com o parceiro. Muitos casais têm diferentes ritmos  e necessidades sexuais. A masturbação é uma forma de satisfazer as necessidades pessoais não atingidas pelo companheiro.  Testemunhar um parceiro masturbar-se pode nos ensinar o que eles gostam. Também pode abrir as linhas de comunicação entre parceiros que de outra forma poderiam supor que a “rotina” ainda está funcionando.

Texto: 
por calcinhasnarede http://calcinhasnarede.wordpress.com

Problemas de Erecção

Todos os homens, em algum momento das suas vidas, experimentam algum episódio ou vários episódios de perda de erecção. Dependendo da maneira como vivenciam a situação, bem como da informação que dispõem e da sua própria atitude em relação ao sexo, esta experiência  poderá transformar-se numa possibilidade de aprendizagem ou um “caminho ao inferno”.

Os transtornos de erecção são aqueles que, por algum motivo, interferem no desenvolvimento da fase da excitação, interrompendo a resposta sexual.

Caracteriza-se pela perda de erecção, ou pela perda parcial desta uma vez conseguida.

Muitos autores/as estudaram este grupo de dificuldades sexuais centradas nos problemas de ereccção. Assim, Masters e Johnson falam da “impotência” (conceito que não se utiliza na actualidade) ou, mais recentemente, Kaplan, trata-o como “disfunção  erectiva”, definindo-o como um bloqueio dos mecanismos da erecção  por causas psicológicas, sobretudo pela angustia e o medo do fracasso na relação sexual.

Os problemas de erecção podem dever-se a factores físicos ou psicológicos, sendo as causas, na esmagadora maioria, de tipo psicológico. Quando um homem experimenta um episodio de perda de erecção teme voltar a repeti-lo e esta angustia bloqueia os mecanismos da sua resposta sexual.
Caso um homem consiga uma erecção na sua masturbação, será um indicador de que não tem causa física ou orgânica, sendo a psicoterapia uma resposta eficaz para a resolução do problema.

Na maior parte dos casos não estará afectado o desejo sexual ou a vontade de manter relações sexuais, pelo menos numa primeira fase. Caso não se tente resolver este problema, a maioria dos homens começará a evitar ou a esquivar-se às relações sexuais. Com este comportamento agrava-se o problema, aumentando a ansiedade e o medo de “não funcionar bem” novamente.

Portanto, a causa principal dos transtornos da erecção é a ansiedade. Esta pode afectar de distintas maneiras: alguns homens não conseguem alcançar a erecção durante as fases anteriores ao coito; outros alcançam facilmente a erecção mas perdem-na no momento da penetração, outros imediatamente depois dela.

Isto deve-se à angustia ou ansiedade grave que se activa face à iminência do coito e a ideia de “falhar” nesse momento. Esta ansiedade pode concretizar-se em relação ao medo do fracasso sexual ou à repetição de uma experiência sexual frustrante, embora possam existir outros factores como a falta de estimulação adequada, a excessiva passividade do/a parceiro/a, a monotonia dos jogos eróticos, etc.

Pode ser recomendável uma avaliação médica para que seja possível um despiste de causas orgânicas.

Quando o exame físico não encontra causas metabólicas, neurológicas ou vasculares determina-se que a origem é psicológica e/ou contextual. O acompanhamento psicoterapêutico individual e/ou de casal torna-se, assim, necessário para que, de uma forma confidencial especializada, personalizada e adequada às circunstâncias específicas a pessoa possa voltar a desfrutar em plenitude a sua vida sexual.

Paternidade e Erotismo

O sexo faz bebés. Daí que seja irónico que a criança, personificação do amor do casal, ameace tantas vezes o romance que lhe deu existência. O sexo, que pôs toda essa operação em andamento, é muitas vezes abandonado assim que os filhos entram em cena. Muitos casais apontam a chegada do primeiro filho como o início do declínio da sua vida erótica. Por que motivo desfere a paternidade um golpe tão fatal?

A transição de dois para três é um dos desafios mais profundos com que um casal tem de lidar. Precisamos de tempo – e tempo medido em anos, não em semanas – para encontrar as nossas referências nesse admirável mundo novo. Ter um bebé é uma revolução psicológica que altera a nossa relação com quase tudo e quase todos, desde a amigos, pais e sogros. Os nossos corpos mudam. O mesmo acontece à nossa vida financeira e profissional. As prioridades alteram-se, os papéis são redefinidos, e o equilíbrio entre liberdade e responsabilidade conhece uma extensa reformulação. Apaixonamo-nos literalmente pelos nossos bebés e sabemos, já que em tempos o vivemos com os nossos parceiros, que a paixão é um estado absolutamente absorvente que empurra tudo o resto para segundo plano. Constituir família exige uma redistribuição de recursos e, durante uns tempos, parece restar pouco para o casal.

Mais cedo ou mais tarde a maioria de nós consegue voltar a reconhecer-se no seio deste novo contexto familiar. É nessa altura que o romance torna a fazer parte do tecido das nossas vidas. Lembramo-nos que o sexo é bom; que nos faz sentir bem e nos aproxima.

Enquanto alguns casais voltam a gravitar para junto um do outro, outros vagueiam por um caminho de mútuo afastamento. Recuperar a intimidade erótica nem sempre é fácil. A questão é que os pais de hoje, independentemente da classe a que pertencem, andam sobrecarregados de trabalho e sentem-se esmagados sob esse peso. Como consequência, deixam o sexo para segundo plano nas suas agendas, reservando-o para quando tiverem terminado de atender a solicitações mais prementes.

Os casais corajosos e determinados que mantêm uma relação erótica são, acima de tudo, aqueles que a valorizam. Quando sentem que o desejo está em crise, tornam-se zelosos e fazem tentativas francas e diligentes no sentido de o ressuscitar. Sabem que não são as crianças quem apaga a chama do desejo; são os adultos que deixam de saber mantê-la viva.


Adaptado de Perel (2008), “Amor e desejo na relação conjugal”

A importância do tocar


"Recordo-vos que os sensores da pele nos permitem sentir o calor e o frio, a pressão exercida ou recebida, os movimentos de deslocação. A qualidade do tocar o corpo de outrem, quer no simples aperto social de mãos quer na caminhada para a intimidade da sexualidade amorosa, como a da conjugalidade, é reveladora da natureza da qualidade inter-relacional.

Não imaginamos o que seria ficarmos incapacitados desta possibilidade de expressão do «corpo da alma».

Um casal que não se toca é um casal afectivamente morto: o seu harmónio emocional paralisou, na distância de uma abertura sem música.

Mas há tocar e tocar. Também se «toca» o corpo pela palavra. Há uma vibração amorosa que, mesmo na distância física, que as circunstâncias podem impor ao casal, faz com que a palavra se torne linguagem do corpo da alma (...)."

(Pina Prata, 2004: Terapia Sistémica de Casal. Respigando Ideias e Experiências, p.27)